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Psicologia e Sociologia: O Sociólogo como Profissional das Ciências Humanas – por Jacob (J.) Lumier

In history, portuguese blogs, twentieth century on August 25, 2008 at 1:15 am

O estudioso que leva a sério suas leituras sobre mudança social e exerce a reflexão sobre a sociedade industrial intrigado por essa cultura que não se individualiza, já terá anotado que frequentemente as estruturas sociais são estudadas desde o ponto de vista do sistema, como sujeitas à mudança somente nas posições relativas de grupos e classes, em conformidade aos padrões do capitalismo.

Isto quer dizer que o problema da possibilidade mesma da estrutura resta à margem, sendo pouco estudados em sua especificidade os níveis que se diferenciam entre as superestruturas e a infra-estrutura, ou melhor, os níveis intermediários entre as obras de civilização e a base morfológica da sociedade. Neste ensaio ultrapassamos o ponto de vista do sistema e elaboramos a partir não de um posicionamento, mas da colocação em perspectiva sociológica do conhecimento1. Sustentamos que é improdutivo discutir problemas de estrutura social sem levar em conta a nítida consciência coletiva da hierarquia específica e referencial de uma unidade coletiva real, como o é a hierarquia das relações com os outros grupos e com a sociedade global ou, designada em modo mais amplo, a hierarquia das manifestações de sociabilidade, a qual só se verifica nos agrupamentos estruturados.

Em acordo com Georges Gurvitch, constatada no fato de que todos os agrupamentos são estruturáveis, a possibilidade de uma estrutura se verifica em um só conjunto a partir da contraposição de grupo e estrutura, e não se confunde, pois não é nem estruturação, nem estrutura adquirida. Em um grupo nãoestruturado as relações com os outros grupos e com a sociedade global permanecem fluidas: é somente quando começa a estruturação que essas relações se tornam precisas, quer dizer, que se coloca toda uma série de questões a propósito de como o grupo se integra na sociedade global e da medida da sua tensão com os outros grupos. Portanto, levando à psicologia coletiva, alcança-se a compreensão de que há correlação funcional entre a estruturação e a tomada de consciência coletiva da hierarquia específica das formas de sociabilidade.

Ou seja: com autonomia relativa em face dos conteúdos cognitivos produzidos na estruturação, surge para o sociólogo o complexo problema do caráter e dos critérios da consciência coletiva. Durkheim, por exemplo, negará que a exterioridade da consciência coletiva em relação à consciência individual possa ser interpretada como projeção da própria consciência coletiva no mundo exterior ou em imagens espacializadas tipo interação entre as consciências ou repetição; negará igualmente que a fusão dessas consciências coletiva e individual corresponda a uma síntese semelhante à química, como ele próprio o dirá.

Enfim, os estudos reunidos na presente obra/e-Book visam mostrar como a psicologia coletiva se constitui em domínio da sociologia.

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16 de febrero de 2008