SSF/RIO

Sobre a Crítica da Cultura.

CRÍTICA DA CULTURA – PRIMEIRA PARTE:

A Crítica da Cultura, o Efetivismo e o Mundo da Comunicação.

Por

Jacob (J.) Lumier

Websitio Produção Leituras do Século XX – PLSV:

Literatura Digital

http://www.leiturasjlumierautor.pro.br

Extraído do e-book do autor

“DO GÓTICO TARDIO À MODERNIZAÇÃO”

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Para refletir sobre contracultura, anticapitalismo e crítica da cultura deve-se observar o seguinte:

· Que se trata de três aspectos da realidade social-histórica descoberta detrás do salto tecnológico da cibernética, cuja referência principal é a extensão dos Direitos Civis e Políticos nos EUA, na seqüência da March for Jobs and Freedom ocorrida no início dos anos sessenta.

· Que o salto tecnológico da cibernética fez acentuar a liberdade de expressão, com os meios de comunicação de massa desempenhando um papel essencial para repercutir e projetar em ampla escala as manifestações de comportamento, os fatos políticos e as condutas efervescentes ligadas às aspirações coletivas, de tal sorte que os eventos dos anos sessenta revelam a função de comunicação social prevalecendo sobre as ideologias, tornadas estas mensagens de mídia, incluindo o anticapitalismo ou anti-imperialismo.

o A Crítica da Cultura é liberdade de expressão, suscita ou convoca a consciência da irracionalidade da civilização técnica notada a partir da inelutável especialização[1] favorecendo a revalorização dos direitos sociais e as aberturas ideológicas, inclusive nas mídias – ou, como diriam les utopistes concrets [2]: aberturas geográfica, religiosa, étnica, social.

o Portanto, liberdade de expressão no sentido mais efetivo de liberdade intelectual – para lembrar o conceito desdogmatizador de Spinoza – que se exerce com anterioridade histórica em relação às mídias e não em dependência destas.

o Quer dizer, orientada para o efetivismo como o elemento das liberdades, como o caráter humano das liberdades, a Crítica da Cultura põe em questão o irrealismo como a perda do contato da realidade social sob todas as suas formas, e se exerce igualmente como crítica do (des-)conhecimento político (carência de realismo no conhecimento político em sua combinação de partidarismo e realismo [3]) .

o O efetivismo diferencia-se lá onde é afirmada a concepção dinâmica da experiência moral. Como se sabe, do ponto de vista sociológico o conhecimento dos critérios morais concretiza-se como uma reflexão posterior sobre o ato moral diretamente vivido, sobre os valores entrevistos no calor da própria ação. Essa ação moral criadora dos seus próprios critérios está em oposição direta a qualquer crença no progresso automático, notando-se que a especificidade da experiência moral assim reconhecida se verifica exatamente como reconhecimento, como ação participante nos variados graus do esforço ou, em uma só sentença: “é a vontade de olhos abertos nas trevas”. [4]

o Na leitura sociológica, a base dessa experiência moral específica é a teoria da intuição da vontade orientada pelas suas próprias luzes, à qual se chega pela concepção dinâmica de qualquer moralidade efetiva em três níveis: (a) – como ultrapassagem contínua do adquirido; (b) – como recriação permanente dos Nós e de Outrem; (c) – como moralidade de ação e de aspiração participando na liberdade criadora pelo próprio esforço incessante dos Nós. Concepção dinâmica esta resumida na fórmula de Bergson segundo a qual “para que a consciência se destacasse do ‘já feito’ e se aplicasse ao que ‘se está a fazer’ seria necessário que, voltando-se e retorcendo-se sobre si mesma, a faculdade de ver constituísse uma só unidade com o ato de querer”. Na ação livre, ao lançar-se para frente, tem-se a consciência dos motivos e dos móveis, tornando-se ambos idênticos.

o Essa teoria da intuição da vontade é não só a base da especificidade da experiência moral, mas essa especificidade mesma é a liberdade consciente. Quer dizer, assim como há diferentes espessuras da duração e variadas intensidades da liberdade, há também diferentes graus da vontade consciente, a qual se torna cada vez mais livre à medida que: (a) – ultrapassa a escolha entre as alternativas, mediante o exercício da decisão; (b) – ultrapassa a própria decisão voluntária, mediante o exercício da vontade propriamente criadora.

o Desta forma, a moral da criação que se tira de Bergson encontra fundamento para prosseguir a sua realização nas diferentes camadas (paliers) em profundidade da realidade social. É a liberdade situada no âmago da vida humana consciente. Enfim, sabe-se que o desvio místico de Bergson deve-se ao não ter ele encontrado na sua análise da liberdade consciente o problema dos valores de civilização, “esses escalões que dirigem a elevação libertadora”. [5]

o O quadro de referência para compreender a Crítica da Cultura é a democracia Ocidental notadamente o movimento em liberdade de expressão configurando a revolução social que consagrou a extensão dos direitos civis e políticos nos EUA.

o Como se sabe a “Marcha sobre Washington para a criação de emprego e liberdade” foi um grande comício político que teve lugar em Washington, DC, em 28 de agosto de 1963. Martin Luther King, Jr. aí pronunciou seu histórico “I Have a Dream“: discurso de promoção da harmonia racial proclamada no Lincoln Memorial durante a marcha. Cerca de 250.000 pessoas participaram na marcha, se estima que 200.000 eram afro-americanos e 50.000 eram brancos.

o Essa marcha que constitui o acontecimento de mais alta significação para a história da segunda metade do século XX reanimando por todo o mundo as condutas efervescentes ligadas às aspirações coletivas democráticas foi organizada pelos movimentos pró-direitos civis e sociais e organizações religiosas. Depois da marcha, a Lei de Direitos Civis (1964) e a Lei dos Direitos de Votação Nacional (1965) foram aprovadas.

o Como se não bastasse, deve-se notar que o festival de Woodstock sucedido em Agosto de 1969 chegou não só em meio ao drama “Vietnam”, mas se inscreve notadamente no âmbito dessa revolução social no país com a extensão dos direitos civis.

o The Woodstock Music and Art Fair foi o maior happening da contracultura valendo como recordatório da juventude e do excesso de hedonismo dos anos sessenta. Sua significação política está em ter constituído o contrapeso social mais decisivo para apaziguar a discórdia racial nos Estados Unidos (na seqüência de Woodstock os grupos de autodefesa se desmobilizaram). Muitos dos maiores artistas dos anos sessenta estavam no Festival onde cerca de 500.000 “hippies” se reuniram para celebrar sob o lema de “três dias de paz y música”.

o Por sua vez, cabe lembrar que a noção de revolução social como redução da exclusão e extensão dos direitos civis e políticos tem raízes na evolução das cidades-livres e seus Conselhos com a diferenciação do eleitor moderno. A evolução das cidades livres desde o século XIV caracterizou uma verdadeira revolução municipal, que deu nascimento aos governos provisórios. Tais centros da indústria e do comércio são ao mesmo tempo (a) – os centros da inspiração intelectual e da ressurreição do direito romano; (b) – as sedes de onde parte o conhecimento perceptivo do mundo exterior e de onde partirá, finalmente, o movimento da Renascença.

o A Federação das cidades liberadas e suas hierarquias de grupos, como as hierarquias dos mestres de ofícios, as das intendências, as das associações de companheiros e aprendizes, as das sociedades comerciais representa um vasto movimento de liberação das “comunas” urbanas com seus conselhos municipais, onde estão representadas as sociedades comerciais e as corporações de ofícios (para Saint-Simon, este movimento marca o começo da era industrial, com a superação progressiva dos “ociosos” pelos “produtivos”) [6].

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Em sentido estrito, a Crítica da Cultura relaciona a Modernização, a literatura e arte de avant-garde – contemplando notadamente expressionismo e surrealismo –, o romance e o individualismo.

Como se sabe, o interesse sociológico na literatura do século XX aprofunda no individualismo para focar-se na própria individuation burguesa, na possibilidade mesma do que constitui ou diferencia um indivíduo de outro indivíduo em contexto de alienação. Daí o domínio conexo entre a estética sociológica e as teorias meta-psicológicas, já que à objetivação do humano nas estruturas corresponde o surgimento da subjetividade, a aspiração aos valores que resta em estado de aspiração, uma cultura que não se individualiza.

Daí igualmente a simples subjetividade como pensamento letargado, perplexo, chegando à ataraxia, a qual não deve ser confundida às alienações mentais subjetivas, esquizofrenias ou delírios patogênicos em face da realidade e frequentemente provocados no envolvimento do indivíduo em alternativas inconciliáveis para o sentimento de felicidade.

Com efeito, em sociologia a busca da individuação na composição literária de avant-garde deve levar em conta a coisificação não somente como condição da ruptura libertadora, condição negativa, mas como a forma positiva que torna objetivo o trauma subjetivo, como o caráter de mercadoria assumido pela relação entre os homens. O modelo da tradição do romance que vem do século XVIII, desde o Iluminismo, tendo por objeto o conflito entre o homem vivo e as petrificadas relações sociais, é uma referência limitada ao nível ideológico e, falta de crítica social, não atende à exigência de justiça poética, não evita colocar os personagens em injustiça pelo não reconhecimento ou pela descaracterização do perfil neurótico desempenhado.

T.W. Adorno acentua a crítica social não só como ponto de vista aproximadamente freudiano sobre a busca da individuação (objetivação do trauma subjetivo), porém equipara a crítica social ao conhecimento de que a promessa humanista da civilização afirma o humano como incluindo em si juntamente com a contradição da coisificação também a coisificação mesma.

Nesse caráter de mercadoria assumido pela relação entre os homens, uma relação que se esqueceu de si mesma – forma positiva que torna objetivo o trauma subjetivo – a busca da individuação passa pela forma reflexa afirmando a falsa consciência que o homem tem de si mesmo e que é decorrente dos seus fundamentos econômicos. Essa falsa consciência configura por sua vez o homem coisificado não somente como uma realidade crítico-teórica, mas dá-lhe expressão como um homem obnubilado diante de si mesmo.

Daí, finalmente, desse estado patético procede a figura recorrente na literatura de avant-garde do personagem neurótico como afirmação da individuação buscada no contexto da Standardização e da indústria cultural, o personagem com alcance crítico e por isso com valor artístico positivo. De fato, se a justiça poética é uma noção reflexiva aplicável à utopia negativa como tema configurando o campo da arte e literatura de avant-garde e se tal noção vale para designar o modo pelo qual o autor, como artista, deve observar e aplicar a forma de objetivação na composição dos personagens, sua figuração da ataraxia (ou até mesmo da ancilose, como em “A Metamorfose”, de Kafka), isto é, sua assimilação ou seu distanciamento para com a crítica social, então temos que a atitude efetiva assumida em face desse modo composicional ou dessa crítica social leva a distinguir um momento positivo e um momento negativo interpenetrados na utopia negativa. É o que T.W. Adorno nos sugere e suas análises esclarecem.

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CRÍTICA DA CULTURA – SEGUNDA PARTE

O Tradicional Na Modernização:

Notas Para A Crítica Da Cultura Obscura, Do Gothic E

Da Estética Dark.

Já vimos que a Crítica da Cultura relaciona a Modernização, a literatura e arte de avant-garde (contemplando nesta última notadamente expressionismo e surrealismo), o romance e o individualismo. Segundo T.W. Adorno, e não só como ponto de vista aproximadamente freudiano sobre a busca da individuação (objetivação do trauma subjetivo), a crítica social deve ser equiparada ao conhecimento de que a promessa humanista da civilização afirma o humano como incluindo em si juntamente com a contradição da coisificação também a coisificação mesma.

Mas não é tudo. Há também a crítica da cultura pela análise do tradicional na modernização desenvolvida por Ernst Bloch nas antípodas de Max Weber. Orientação esta fundada na história do Gótico Tardio na Alemanha e na experiência das revoluções camponesas dos séculos XV e XVI como vinculada à história das heresias cristãs.

À luz desta orientação crítica se coloca em questão igualmente o chamado estilo gothic, considerado não somente como gosto do obscuro, mas como paixão das trevas, que teria nascido de uma visão fantasmagórica da Idade Média atribuída aos românticos.

Com efeito. Quando se busca uma definição para o que seria gothic ou dark nos dias de hoje, no mundo da indústria cultural, além da referência às manifestações comportamentais e indumentárias de feição tida por não-conformista ou “tribo urbana”, que recebeu essa denominação, admite-se freqüentemente em maneira confusa o seguinte: (a) – ser gothic ou dark relaciona-se mais a uma opção estética do que qualquer outra coisa; (b) – este sentido estético particular apresenta características definidas principalmente no que se refere às temáticas abordadas, mas não constituiria em si nenhuma escola artística específica, absorvendo influências diversas, unindo em um mesmo caldeirão influências românticas, surrealistas, expressionistas y muchas otras más.

Os simpatizantes do chamado “movimento gothic”, que fez a fama de certos grupos do Rock’n’roll, vendo no romantismo do século XIX uma espécie de “reabilitação” da Idade Média e do seu imaginário, nos dirão que os românticos são os responsáveis pelo surgimento da “gothic novel” ou “romam noir”, normalmente ambientados em castelos sombrios e ambientes tenebrosos.

Ultrapassando a noção simples de cultura obscura, reservada para designar unicamente as ambiências com pouca luz e muitas sombras, alguns idealizadores do gothic nos dirão ainda que “a celebração da noite escura” como passando a ser o lugar privilegiado da evocação dionisíaca[7] se faz no romantismo literário, tomando-se como exemplo a obra de Novalis (Hinos à Noite).

Por essa mistificação do noturno, conduzindo a uma transposição nihilista do dionisíaco, acredita-se que na “urgência pela vida” do romantismo haveria o resgate de fantasiosos e irrisórios “valores noturnos” levando ao pessimismo, à loucura, aos sonhos, às sombras, à decomposição, à queda, à atração pelo abismo (trevas) e morte.

Para os simpatizantes do gothic, portanto, no “dark side” do romantismo se encontrariam praticamente todos os elementos estéticos que dão motivo e estilo aos apreciadores dessa figuração da tradição gótica.

Nada obstante, não se deve menosprezar o caráter contestatório da supersticiosa fantasia Dark projetada pelos simpatizantes do gothic com forte apelo a um público juvenil em renovada rebeldia ante a prosaica vida futura de incertezas constantes do mundo standardizado.

Corrente de índole artística com impacto produtivo na indústria do cinema, a cultura obscura encontrou-se reforçada na esteira do filme Star Wars pelas imagens da adoração iconoclasta de certos efeitos mentais para-normais e pelas menções alusivas a uma entidade/potência do escuro espaço sideral, dita a Força, absolutamente fictícia (dentro da própria ficção), a emanar da inverossímil simbiose com seres incorpóreos viventes, concepção fantasmagórica esta imprópria para aludir a qualquer totemismo artístico.

Aliás, não há horizonte etnológico nessa arte de superstições cabalistas e truques tecnológicos de Stars Wars. A tal Força ubíqua sem mito nem alienação é exaltada por um gnomo alienígena, o poderoso Mestre Yoda que não passa de um Gremlin civilizado.

Tal é a fantasia antiexperimental do filme fantástico que se revelou tão atrativa aos admiradores do déjà vu à maneira equivocada da utopia negativa em Aldous Huxley: um futurismo só em aparência inconformista que torna perpétuo o sistema do presente[8].

Daí a resistência artística contrária acentuando haver deformações, mito e alienação ao invés de potências das trevas no expressionismo e na ambiência obscura ou dark do cinema expressionista, cujo autêntico alcance crítico-estético, por sua vez, tem horizonte na existência e pode inspirar o ideal político – quer de trate dos clássicos dos anos vinte como Nosferatu de Murnau, ou do recente Batman-returns, de Tim Burton[9] .

►Inspirada no expressionismo, a Crítica da Cultura põe em questão o irrealismo como a perda do contato da realidade social sob todas as suas formas, tanto mais que sob o seu aspecto discursivo o irrealismo constitui um componente crítico estudado por pensadores sociais desde o século XIX.

Assim, por exemplo, em face da constituição da economia política como disciplina separada da sociologia econômica, e relacionando-a com a dominação das alienações, os sociólogos como Karl Marx já observavam que “os economistas burgueses estão impregnados pelas representações características de um período particular da sociedade em que a produção e as suas relações regem o homem ao invés de serem por ele regidas (o período das sociedades arcaicas), em tal modo que a necessidade de certa objetivação das forças sociais do trabalho lhes parece inteiramente inseparável da necessidade da desfiguração desse mesmo trabalho pela projeção e pela perda de si, opostas ao trabalho vivo”.

O irrealismo desde então era constatado no discurso que “acentua não as manifestações objetivas do trabalho, da produção, mas a sua deformação ilusória que esquece a existência dos operários para reter apenas a personificação do capital, ignorando a enorme força objetiva do trabalho que se exerce na sociedade, e que está na própria origem da oposição dos seus diferentes elementos”.

No século XX, com a concorrência sublimada, o indivíduo domesticado e a predominância do “déjà vu” no mundo da comunicação social, o irrealismo assume proporções mais sutis, e o dispositivo de projetar o futuro como perpetuação do sistema é disseminado a contrapelo da modernização e do próprio futurismo.

Nesse contexto, se o futurismo vem a ser afirmado como o estilo e a fantasia da vida urbano-industrial e do progresso desde as primeiras décadas do século XX não está o mesmo imune às confusões do irrealismo. Quer dizer, é segregada uma ideologia do futurismo que desde meados do século XX encobre com o manto do irrealismo o mundo da comunicação social

Seja como for, se é paradoxal dizer que o gothic como suposta “atração das trevas” sendo procedente do romantismo constituiria uma opção estética, Ernst Bloch nos mostrará que, penetrando na psicologia coletiva, o Moyen âge inteiro do romantismo se integra na contradição não-contemporânea e não pode ser apreciado senão no âmbito dialético do problema do legado do passado dentro do processus histórico, assinalando o prolongamento do tradicional na modernização [10] .

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O GOTHIC, O ROMANTISMO E A FILOSOFIA DA ARTE:

Linhas para uma filosofia expressionista.

A função utópica e a realidade estética da cultura são referências diferenciadas que a filosofia desenvolve na busca do campo estético como o concretamente utópico que se descobre na análise da ambiência tradicional diante da modernização.

Primeira Parte

O chamado gothic considerado não somente como gosto do obscuro, mas como paixão das trevas teria nascido de uma visão fantasmagórica da Idade Média atribuída aos românticos.

Quando se busca uma definição para o que seria gothic ou dark além da referência à tribo urbana que recebeu esta denominação admite-se (a) – que ser gothic ou dark relaciona-se mais a uma opção estética do que qualquer outra coisa; (b) – que este sentido estético particular apresenta características definidas principalmente no que se refere às temáticas abordadas, mas não constituiria em si nenhuma escola artística específica, absorvendo influências diversas, unindo em um mesmo caldeirão influências românticas, surrealistas, expressionistas y muchas otras más.

Os simpatizantes do chamado movimento gothic, vendo no romantismo do século XIX uma espécie de “reabilitação” da Idade Média e do seu imaginário, nos dirão que os românticos são os responsáveis pelo surgimento da “gothic novel” ou “romam noir”, normalmente ambientados em castelos sombrios e ambientes tenebrosos. Ultrapassando a noção simples de cultura obscura, dirão-nos ainda que a celebração da noite obscura como passando a ser o lugar previlegiado da celebração dionisíaca[11] se faz no romantismo literário, tomado como exemplo a obra de Novalis ( Hinos à Noite). Haveria o resgate dos valores noturnos levando ao pessimismo, à loucura, aos sonhos, às sombras, à decomposição, à queda, à atração pelo abismo (trevas) e morte, bem como à urgência pela vida. Para os simpatizantes do gothic, portanto no “dark side” do romantismo se encontrariam praticamente todos os elementos estéticos que tanto deliciam os góticos até os dias de hoje… Além da sua origem através da gothic novel.

Não será paradoxal dizer que o gothic como atração das trevas sendo procedente do romantismo constituiria uma opção estética ?

Sem dúvida, essa abordagem do gothic como paixão das trevas, sendo cogitada pelo aspecto da filosofia da arte suscita um tema crítico, a saber: será legitimo falar de estética no romantismo tendo em conta que toda a arte afirma um horizonte, afirma a criação? O gosto das trevas pelas trevas, a atração do romantismo pelo abissal não será nihilismo? Não será uma apologia do Nihil ex-nihilo, uma filosofia do nada que se tira do nada, portanto negação absoluta da criação tornada non-sense absoluto? Dizer que o gothic como atração das trevas, sendo procedente do romantismo constituiria uma opção estética não será paradoxal?

Neste e-book haverá oportunidade para inferir sobre o artificialismo de uma abordagem artística sobre o gothic como cultura obscura. No século XX toda a abordagem artística só é válida se compreende como nos sugere Theodor W. Adorno que l‘art assume sa liberté en se fermant aux classes défavorisées: cette négativité de la culture est part de sa vérité. L’industrie culturelle, par le primat du divertissement, abuse au contraire de “prévenances à l’égard des masses”, en leur fournissant l’amusement que recherche “celui qui veut échapper (dans ses loisirs) au processus du travail automatisé”. Mais elle ne lui offre pour cela que des produits qui sont la copie du travail, puisque sa production repose sur les mêmes principes que toute production industrielle: même division du travail, même standardisation, etc[12].

Deste ponto de vista o chamado gothic é cultura de massa, é tribo urbana, é fenômeno comportamental e não opção estética, a não ser que se prolongue artificialmente a noção do estético para incluir o comportamental, os esteriótipos e, desse modo, se venha a falar de sentido estético particular. Prolongamento este que é muito problemático tratando-se de opções ou preferências, sobretudo veleidades produzidas ou induzidas pela indústria cultural (estereótipos de contestação social) sobre os seus consumidores. Em sumo: haveria um sentido estético particular (industrial) nas veleidades tidas como contestação social identificadas aos comportamentos de certos grupos de admiradores da cultura obscura (gosto do obscuro na literatura, nas artes e, sobretudo no cinema e no Rock and Roll): os chamados gothics.

O Moyen âge do romantismo se integra na contradição não-contemporânea

Segunda Parte

Nada obstante, resta que, por não acolher uma estética, o romantismo acrescenta algo de sonho que a filosofia da arte compreende na função utópica à medida que trata de estabelecer em nível das superestruturas a eficácia diferenciada dos sonhos passados, como atividade onírica in-dormida, para além da psicanálise.

Com efeito, como se verá neste Website, no realismo estético de Ernst Bloch a função utópica é enfocada como o conteúdo que em estado de princípio cada um pode encontrar em os diferentes Nós que apreende e que por este mesmo estado de princípio, por aspiração, a arte pode pôr no horizonte que lhe é essencial.

Em sua obra de 1954 “Le Príncipe Espérance[13], a função utópica é estabelecida no conhecimento filosófico como pulsão imprescindível à auto-conservação, sendo a partir dessa compreensão que Ernst Bloch a classificará na extensão do desejo de ser melhor aquinhoado, o qual resta em fato e necessariamente irrealizado no estado de atenção, base fenomenológica de toda a comunicação existencial. Haverá, pois que distinguir dentre as imagens simbólicas ideais em que a sociologia estuda a moralidade ideológica aquelas outras que, ultrapassando-as, devem ser compreendidas, sobretudo como imagens-aspiração.

Vale dizer, se incluem nestas imagens-aspiração as imagens formadas de sonhos passados, as imagens diferenciadamente formadas pelo elemento onírico da arte que integram o ideal estético realista ou entelequial, sendo exatamente os sonhos passados que servem de critério da não-contemporâneidade.

Acresce que as formas passadas ou précapitalistas jamais tornaram em fatos realizados os conteúdos visados do solar, do solo, dos de-baixo, de sorte que estes focos do tradicional na cultura já guardam desde o começo a qualidade de intenções insatisfeitas. Além disso, notando que estas intenções insatisfeitas passam ao longo da história por contradições veladas Ernst Bloch as examinará desde a colocação em perspectiva filosófica, para além da psicologia representacional, tratando-as como conteúdos intencionais não ainda trazidos à luz do passado na realidade da cultura, o que o levará a definir o campo estético em eficácia como o concretamente utópico.

A partir dessa orientação dialética em profundidade torna-se possível, portanto penetrar na psicologia fenomenológica do tradicional. A análise blocheana descobrirá então o seguinte: (a) – que foram extintos os deveres, os ramos da cultura e estado mental da antiga pequena burguesia; (b) – que, oculto sob esta extinção, o pequeno homem se ressente da falta de alguma coisa habitual, psíquica, móbil, e (c) – que este algo habitual em falta não é uma coisa somente econômica, mas é uma carência profunda que no seu ser ele opõe ao tempo do capitalismo.

Entrementes, a análise passa a um grau maior de complexidade ante a constatação de uma coincidência na afirmação deste opor ou contrapor no ser do pequeno homem ao tempo mesmo do capitalismo. Ou seja, o opor dessa ausência ressentida é afirmada desde o âmbito interior do sujeito em feição apática e morna, enquanto no âmbito da vida exterior é afirmada junto com os vestígios estranhos inseridos no tempo presente do capitalismo, é afirmada coincidentemente com os vestígios dos tempos antigos précapitalistas que restaram. Daí, dessa coincidência complexa, decorrem certas características da psicologia fenomenológica do tradicional, como psicologia em ausência de móbil, que em realidade configuram as características do campo estético.

A potência dessa psicologia coletiva em ausência de móbil deve ser interpretada a partir dos rastros e das lacunas de certa expressão romântica notada em certas formas literárias. Deve ser interpretada tomando por base a constatação de que a pequena burguesia tradicional embeleza no presente do capitalismo o passado cultural: ela opõe a tal presente suas antigas aspirações não realizadas misturadas ao melhor relativo do passado. Entretanto, este embelezar estético do passado tem um componente trágico que todavia é concretamente utópico.

Componente este que não é limitado ao fato de que o melhor relativo embelezado são os aspectos das formas précapitalistas cujos vestígios estão ultrapassados no presente do capitalismo em modernização. Por esta via, o componente trágico no embelezar do passado que é também um componente concretamente utópico põe em relevo o modo do opor do pequeno homem como sendo um modo não-contemporâneo porque se trata de um opor afirmado em face de um tempo presente no qual até mesmo a última satisfação também desapareceu[14]. Tal o concretamente utópico que define o campo estético em eficácia diferenciado no âmbito das superestruturas ao século XX para as regiões mais enraizadas no medievo, como a Alemanha.

Desta forma, enfatizando que o legado do passado dentro do processus histórico como matéria das contradições contemporâneas não pode ser adequadamente contemplado caso o enfoque seja limitado ao capitalismo como ao presente em seu estágio último, a reflexão filosófica de Ernst Bloch acentua por contra o elemento positivo que as negatividades reificadas comportam.

Quer dizer, a matéria das contradições contemporâneas não é somente a matéria das forças produtivas muito presentes ou desencadeadas com a modernização, mas é também a negatividade extrema de tal situação: é o homem ou o proletário alienado, é o trabalho alienado, é o fetiche da mercadoria, em suma é a inconsistência do nada, do vazio.

Diz-nos que esse elemento positivo se encontra no interior da contradição contemporânea e de sua matéria, no interior das negatividades reificadas e se apresenta sob a forma de alguma coisa que falta, se apresenta como a aspiração ao homem completo, ao trabalho não alienado, ao paraíso terrestre. Há, pois que distinguir na análise blocheana do tradicional como positividade uma outra matéria diferenciada: a matéria de uma contradição que se rebela a partir de forças produtivas absolutamente não-desencadeadas: que se rebela a partir de conteúdos intencionais de uma espécie que permanece sempre não-contemporânea[15] .

Nesse estudo se distingue de início uma universalidade velada, com a qual a espécie que permanece sempre não-contemporânea é em contato: é o elemento subversivo e utópico do homem, da vida, que não foi satisfeito em época alguma, o qual, no realismo estético de Ernst Bloch, será apreciado como o elemento postulativo propriamente histórico-filosófico.

Em seguida se nota que a positividade da espécie não-contemporânea é também em contato com as positividades que foram evocadas muito cedo contra o capitalismo como formas e elementos de uma matéria antiga. Tratando-se em realidade de conteúdos intencionais, essas positividades precoces serão apreciadas como momentos da contradição não-contemporânea, seguintes: (a) – os elementos positivos da burguesia revolucionária, dentre os quais a natureza arcadiana, simbólico-bucólica, de Rousseau; (b) – os elementos positivos misturados de elementos da Restauração; (c) – os elementos misturados de abdicação da revolução, classificados “ilusões de um passado não posto em dia” como o Moyen Âge do romantismo, incluindo neste, “o renascimento de um mundo hierarquizado em feição qualitativa e orgânica a partir dos espaços vazios”.

Terceira Parte

O fundamento da contradição não-contemporânea é o conto irrealizado do bom velho tempo, o mito literário, a lenda fabulosa mantida sem solução do velho ser obscuro da natureza. Nessa lenda fabulosa se encontra um passado não superado desde o ponto de vista do desenvolvimento das oposições econômicas, mas sob o aspecto material também é um passado que não foi ainda dignificado como passado.

Nesse aprofundamento do concretamente utópico, os momentos da contradição não-contemporânea já estão suscitados na vida do elemento que não foi satisfeito em época alguma e também já o estão na totalidade com vários níveis de realidade histórica ou de passado.

Quer dizer, essa vida da espécie que permanece sempre não-contemporânea e essa totalidade múltipla com a qual é em contato configuram o marco de onde se tira a matéria autêntica que: (a) – se opõe à alienação e que (b) – inspira, seja favorecendo o lado das forças da nova sociedade ou contemplando outros lados, o que Ernst Bloch classifica “o bravio de tornar in-domesticado” ( no sentido da figura do “bom selvagem”, de Montaigne a Diderot; daquele que se esquiva de relacionar-se com os homens e se apraz em viver sozinho e retirado). Mais ainda: o bravio do agarramento ao espaço, o bravio da natureza dionisíaca (extasiante, inspiradora, entusiasmante) e arcadiana embrulhadora (ou metamorfoseante).

Em poucas palavras: o bravio de tornar in-domesticado em suas modalidades na história literária da humanidade valem nessa filosofia estética histórico-crítica como manifestações da vida da espécie não-contemporânea. Desta forma, se classifica essa vida utópica e essa totalidade múltipla (a) – como espécie humana sob o aspecto da criatura que não foi saciada (inclusive em sua aspiração); (b) – como a advertência profética e o testemunho de esferas (no sentido do conhecimento místico-simbólico) que, acentuando o alcance postulativo da matéria, exigem da própria reflexão filosófico-sociológica, na medida em que é uma reflexão desenvolvendo-se no âmbito do capitalismo, a formulação em termos do problema dessa totalidade com vários níveis de tempos passados.

Note-se que Ernst Bloch ele próprio oferecerá em seu realismo estético uma formulação inicial dessa totalidade com vários níveis de tempos passados. Trata-se de uma formulação que (a) – ultrapassa o cálculo abstrato e reducionista inerente ao capitalismo bem como ultrapassa a orientação em metade racionalista que lhe corresponde também; (b) – desenvolve uma orientação ascética a respeito das exigências da “natureza fabulosa”, tomada esta como não passando de um museu de todos os enigmas sem solução, o que levará nosso autor ao ideal estético realista.

Segundo Ernst Bloch como já o notamos o problema metodológico alcançando o modo de produção capitalista, o problema do legado do passado dentro do processus histórico não pode ser adequadamente apreciado caso a reflexão filosófico-sociológica se limite ao capitalismo como ao presente em seu estágio último. O fundamento da contradição não-contemporânea é o conto irrealizado do bom velho tempo, o mito literário, a lenda fabulosa mantida sem solução do velho ser obscuro da natureza. Nessa lenda fabulosa se encontra um passado não superado desde o ponto de vista do desenvolvimento das oposições econômicas, mas sob o aspecto material também é um passado que não foi ainda dignificado como passado[16].

Conclusão

Na literatura de avant-garde encontram-se motivos artísticos recorrentes que não somente procedem da ambiência tradicional, mas que, confluindo justamente com a reflexão de Ernst Bloch, são tirados da própria história das heresias, como o é ademais a assinalada tentativa sonhada de Joyce.

Sem dúvida é através da história das heresias que se desvela em cor de realidade o caráter postulativo, ascético do ambiente tradicional mais enraizado no medievo.

Há que mencionar inclusive a relevância na morfologia social da forma gótica, sua persistência como significação prática efetiva na vida rural através do feitio dos objetos, móveis e mansões. Entretanto, com a história das heresias, em modo muito mais profundo do que um nível cristalizado e estático que apenas simboliza a fixação do apego místico ao solo e à mansão, a análise do tradicional põe em relevo que se trata da própria configuração dinâmica da ambiência coletiva como um todo, se trata da marcha do gótico tardio caracterizando com a cor da realidade todo o complexo cultural insurgente dos séculos XV e XVI.

Observação esta tanto mais relevante quanto se põe em relevo a outra face da Renascença, da qual Ernst Bloch dirá ser não a face mais conhecida das musas, do lirismo e versificação, mas a outra face que é orientada no sentido do milenarismo desde Joaquim Di Fiori nos séculos XI e XII até Eckardt, Thomas Münzer, Paracelso, Jacob Boheme. Será esse gótico tardio em marcha que definirá o quadro de referência como incluindo a efervescência dos setores sociais e a rebeldia das massas, e delimitará o campo de percepção dos temas, sobretudo a Guerra dos Camponeses, o movimento iconoclasta (incluindo o anabatismo e os predicadores ambulantes), o espiritualismo (incluindo o visionarismo astrológico e o milenarismo).

Compreendendo as exaltações visionárias e o milenarismo como crença coletiva real, o gótico tardio (séculos XV e XVI) é o fenômeno cultural da ambiência tradicional mais enraizada no medievo do qual se receberá a profundidade do sentimento passado pela realidade estética da cultura.

Finalmente, para encerrar, note-se que a compreensão do milenarismo em filosofia da arte decorre do ideal estético realista em obra (o evoluir autônomo da eficiente interveniência de conteúdos culturais e religiosos) e que esta compreensão por este ideal entelequial[17] será confirmada e será recorrente em várias passagens textuais do estudo por nosso autor sobre o teólogo milenarista Thomaz Munzer, lá onde se trata de sublimação ou sedução.

Ensina-nos Ernst Bloch (a) – que o milenarismo se faz de afeições, sonhos (o onírico in-dormido), emoções sérias e puras, entusiasmos projetados para um fim; (b) – que estas manifestações não decaem, mas contribuem para dar cor de realidade a um largo período da história e da vida social; (c) – que tais estados são provenientes de um ponto original criador e determinador de valores que há na alma humana; (d) – que tais estados mantêm em todo o tempo como assunto de permanente atualidade a orientação em profundidade do Século XVI, isto é o milenarismo, afirmado tanto na chamada guerra dos camponeses quanto no movimento anabatista como vertentes da marcha do gótico tardio, fenômeno cultural do qual se receberá a profundidade do sentimento passado pela realidade da cultura.

Ensina-nos ainda Ernst Bloch que, nesse caso das insurgências campesinas, do movimento iconoclasta e do espiritualismo, ademais dos elementos do desencadeamento e do conteúdo do conflito que são de ordem econômica, há que considerar justamente o elemento essencial originário em si mesmo, a saber: o retorno do mais antigo sonho; o maior espocar para todo o tempo da história das heresias; o êxtasis do caminhar erguido e da impaciente, rebelde e severa vontade de paraíso [18].

2007 Jacob (J.) Lumier

jacoblumier@leiturasjlumierautor.pro.br.

DO GÓTICO TARDIO À MODERNIZAÇÃO:

Para compreender a Crítica da Cultura

(artigos de sociologia):

©2008 by Jacob (J.) Lumier

Fim do Capítulo/Postagem:

O GOTHIC, O ROMANTISMO E A FILOSOFIA DA ARTE:

Linhas para uma filosofia expressionista.



[1] Ver nesta obra nossas observações sobre “O Tema do Impacto da Cibernética na Sociedade: da especialização e do automatismo ao animal abstrato”.

[3] Ver nosso artigo “A Ficção nas Eleições” link:

http://docs.google.com/View?docid=ddm5qvxk_22hr822v&pli=1

[4] No âmbito da política da Democracia, o ponto de vista da ação moral criadora dos seus próprios critérios pode ser constatado no Discurso das Quatro Liberdades de Franklin Delano Roosevelt na passagem em que as liberdades humanas essenciais são compreendidas à luz dos dias vindouros sob a mirada voltada para um mundo fundado justamente sobre as quatro liberdades humanas essenciais, ou seja, sob a mirada de suas próprias luzes.

[5] Esta leitura de Bergson foi proposta por Georges Gurvitch em sua obra “A Vocação Actual da Sociologia”.

[7] Em seu livro sobre a arte na Grécia clássica, intitulado “O Nascimento da Tragédia”, contrastando-o com Apolo, o filósofo alemão Friedrich Nietzsche considerou Dionísio como símbolo da força vital básica e incontrolada (criação) em face do mundo da Razão, ordem e beleza representado por Apolo. O contraste entre os papeis destas duas divindades do Olimpo deu lugar aos adjetivos apolíneo e dionisíaco.

[8] Star Wars deve ser apreciado em contraste com as antecipações futuristas de Jornada nas Estrelas (Star Trek), onde o futurismo é mais a expressão de um futuro virtual do que projeção do sistema presente para mais além.

[9] Ver adiante nosso artigo Mito e Alienação: Batman, o Expressionismo, e o Gothic.

[10] Ver nosso artigo “O Gothic, o Romantismo e a Filosofia da Arte: Linhas para uma filosofia expressionista”. Ver também nesta obra “Introdução ao Estudo do Gótico Tardio na Leitura de Ernst Bloch”.

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[11] En su libro El nacimiento de la Tragedia, el filósofo alemán Friedrich Nietzsche contrastaba a Dioniso con el dios Apolo como símbolo de la fuerza vital básica e incontrolada (criação) frente al mundo de la razón, el orden y la belleza representado por el segundo. El contraste entre los papeles de estos dioses queda reflejado en los adjetivos apolíneo y dionisíaco.

[12] El arte asume su libertad cerrándose para las clases desfavorecidas: esta négatividad de la cultura es parte de su verdad. La industria cultural por el primado de la diversión abusa al contrario de “obsequiosidades con respecto a las masas “, proporcionándoles el entretenimiento que busca ” el que quiere escapar (en su ocio) del proceso del trabajo automatizado “. Pero ella le ofrece para esto sólo productos que son la copia del trabajo, ya que su producción descansa en los mismos principios que toda producción industrial: la misma división del trabajo, la misma standardización, etc.

[13] Bloch, Ernst: Das Prinzip Hoffnung, 3 vol., Berlin 1954/1955/1959. Tradução francesa Le Principe espérance, vol. 1, Paris, Gallimard, “Bibliothèque de philosophie”, 1976.

[14] Cf. Bloch, Ernst: Héritage de ce Temps (Erbschaft dieser Zeit, Zürich, 1935), tradução de Jean Lacoste, Paris, Payot, 1978, 390 pp. Ver pág 108.

[15] Cf. Bloch, Ernst: Héritage de ce Temps, op. cit, pp.111.

[16] Cf. Bloch, Ernst: Héritage de ce Temps, op. cit, pp.112.

[17] Entelequial no sentido de que o ideal estético em obra cria dependências, correlações, estímulos relacionados à sublimação.

[18] Ver Bloch, Ernst: Thomas Münzer, Teólogo de la Revolución, op. cit.págs.67, 68.

  1. […] de James Joyce.|A Experiência da Laicização na Origem da Técnica e da Moralidade Autônoma.|Sobre a Crítica da Cultura.|A Utopia do Saber Desencarnado, a Crítica da Ideologia e a Sociologia do Conhecimento.|As […]

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